sábado, 19 de julho de 2008

Cemitério de Fadas



Aqui jaz a menina dos cabelos azuis. Imóvel para a eternidade, tranqüila como o último suspiro. Nem brisa, nem tempestade. Nenhum pensamento voltou a se deslocar. Nenhum sentimento permitiu emergir. Aos poucos, ela e o mundo tornaram-se um só. A mesma consciência que abraçou para deixar de existir. Seu corpo confundiu-se com a fumaça que impedia ver, e tornou-se menos densa nos dias futuros que não viu chegar.

Desapareceu entre as gargalhadas sem rosto, os olhares sem aprovação impediram de ser quem era. Desmaio. Asfixia. Foi um sepultamento sem lágrimas no bosque do esquecimento.

Restou menos que uma lembrança. Um fiapo de luz, uma quase-esperança. Talvez não estivesse morta, era viva em essência e assim viveria para sempre. Era imortal em sua inocência.

4 comentários:

DaniCabrera disse...

Oi Naty,

Muito legal o texto, e ao mesmo tempo muito triste. Entendi uma fadinha coagida, impedida de sua liberdade e de seus gostos. Gosto de finais felizes, ainda que haja morte, mas que seja feliz (porque sabemos que há meios de isso acontecer).

Um beijão pra vc e Feliz Dia do Amigo! :D

Flávio Morais (flavioapu) disse...

Lembranças são essenciais, pois uma boa lembranã é permanente em Memoria. Mesmo tendo passado pela dança da morte para a eternidade há um lugar para as lembranças que realmente darão esperanças para aquele que as econtrar. Por menor que seja o brilho da luz no fim do túnel, haverá aquele espírito que chegará até o final e conseguirá manter as verdadeiras memórias.

ricardo aquino disse...

nascituro em sua página,(venho do sblognoff) li um pouco de você. Sabe de uma coisa, para mim ela não morreu... levantou abriu asas e avançou sobre o mundo um sentimento tão imperial e grandioso que moveu os pequenos grãos e as imensas cordilheiras! Gosto de como você escreve!


com distinta propriedade
ricardo aquino

sblogonoff café disse...

Vim seguindo o rastro do poeta aí em cima!
Realmente, menina, construção bonita essa que você fez.
Parece um mergulho no Letes, o rio do esquecimento. Fadas apenas mudam de dimensão, não se perdem assim... Pelo menos, não deveriam...