terça-feira, 21 de outubro de 2008

Rabiscos

Este era para ser um post sobre outras coisas, outro momento. Sobre um dia na aula de Teoria da Literatura em que as únicas palavras que eu conseguia escutar eram os sussurros da chuva lá fora, e fragmentos do que disseram os poetas.
Escrevi. Apaguei. Escrevi outra vez e guardei.
Tem coisas que a gente quer dizer e não consegue, ou porque não acha palavras, ou porque não acha ouvintes, ou porque não acha vontade. Às vezes faltam os três.
E é assim que os dias vão sem razão. E nem foi a chateação do outro dia. Amigo a gente perdoa, basta um sorriso que tudo volta pro lugar.
É tudo tão estranho, às vezes. Quando acordo, tudo que eu quero é que o dia termine. Me sinto cansada antes de levantar. E não importa o tamanho que os minutos vão ter, se eu vou rir ou chorar. É dificil saber quando essas coisas mudam: o sentir, o olhar... Agora tudo parece anestésico.
Mas lá se vai o tempo, no seu caminhar irreversível. Ele não quer saber de nada disso. Ele te surpreende, o real te surpreende. A gente não tem controle do viver. Quando nos damos conta, já aconteceu. E você está ali, "na rua, no meio do redemoinho". Rodeado pelo que restou, por índices do passado e pelo que está por vir. Um sobrevivente.

Viver é intransponível.

E esse foi um post sobre nada, e muitas coisas. Não importa. Escrevo sobre o que sinto, e sobre o que vejo, e coisas que nem sempre são alguma coisa. E até a aula de Literatura conseguiu entrar no meio...

5 comentários:

Flávio Morais (flavioapu) disse...

Realmente tem coisas que são difíceis dizer, quanto ao ouvinte, sabe que pode contar comigo; das palavras, a gente se esforça; mas a vontade é toda sua.

Não acho que o posto foi sobre nada. Como você disse, o tempo e o real nos surpreendem. Às vezes, até que você note, muito já aconteceu e até mesmo as palavras que você não conseguia dizer de início já foram pronunciadas.

Te adoro

Otavio Cohen disse...

pensar é ainda mais importante que viver. as vezes pensar demais estraga. é tipo álcool, aprecie com moderação.

pra pensar a gente é livre, mas pra dizer coisas não. quer dizer, até que é sim. mas quando você põe pra fora um pensamento você pode machucar, naty. e apesar de tudo, a culpa nem sempre é dos outros.

garfo sem dentes disse...

é mesmo, já estamos quase no fim do ano, e eu aqui, lendo blogs, e pensando na relatividade do tempo, os minutos são tão longos quando tudo está ruim, parece que o raio cai sim no mesmo lugar, e parece que quanto mais a gente se preocupa que é quando vem mais preocupações, o truque seria talvez deixar de pensar no relativo, e concentrar no hj, mas parece ser tão difícil, e ao mesmo tempo tão fácil. é relativo. e o tempo passa. e a gente nem vê. ou vê e esquece. vc falou sobre nada e muitas coisas. e eu aqui no meu devaneio sobre nada e muitas coisas.

gostei do nome do blog,
o post tem tudo haver com o título do blog.
um grande abraço do Felipe Godoy

DJ disse...

Ei, as palavras vêm sim, e os sentimentos! E todas as outras coisas juntas! E é quando a gente pensa que não tá fazendo sentido nenhum é que faz! Queria te dizer que isso ai passar, mas por experiência não posso! Vai continuar um bom tempo assim, sem fazer sentido nenhum! Sem ninguém entender, ai um dia vem e vc finalmente entende que não tem como mudar, mas tem como encontrar comuns! Ai vc passa a ser mais feliz sabendo que existem outras pessoas que entendem, mesmo quando vc aparentemente não quer dizer nada!
Sucesso garota!

sblogonoff café disse...

Sobre nada. Sobre tudo.
E sabe, são sentimentos comuns. A diferença comigo é que a fase anestésica passou. Agora é moda no meu espírito gostar de sentir dor e tentar entender a capacidade pedagógica que ela terá sobre mim.
A vida é irreversível.
É bom que os dias tenham recheio!!

Um abraço, garota!!