tag:blogger.com,1999:blog-52179889906766104172024-03-20T00:16:32.828-07:00Palavras Que Não VêmAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-30965769219878933862009-08-12T13:09:00.000-07:002009-08-21T12:35:05.004-07:00(In)certezas<div>Certezas duram um segundo. Instáveis, voláteis. Somos cercados da ausência delas. A constante é a dúvida, o formigamento, a inquietude. Sombras que rondam e questionam. Incansáveis e absolutas, porque não se pode culpá-las (ou a nós mesmos) por existirem. São naturais, belas.</div><div><br /></div><div>Dúvidas existem apenas para que, nos raros momentos em que conseguimos agarrar uma certeza, a gente possa olhá-la nos olhos e sorrir para a plenitude que ela nos trás. Ainda que seja só um instante.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-19322223837117824492009-07-09T08:51:00.001-07:002009-07-11T05:21:26.665-07:00Novo Projeto<div>Sei que vocês vão dizer que eu não dou conta nem desse blog aqui, mas não resisti e lancei um novo projeto.</div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY5NclOXHyexv-1U8nHpUk1hg7n8gItSyP4FR902TaQ5oH56LL8sMlqBtL1x6C4Cn6KJILmGAhlFFleOO8RXAfwcXIJLJGIOr5U5HlsLItf5CoE4m8QQXTO-UfuIqmezbhOwE9_7Mfl88/s1600-h/botton.jpg" style="text-decoration: none;"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 314px; height: 91px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY5NclOXHyexv-1U8nHpUk1hg7n8gItSyP4FR902TaQ5oH56LL8sMlqBtL1x6C4Cn6KJILmGAhlFFleOO8RXAfwcXIJLJGIOr5U5HlsLItf5CoE4m8QQXTO-UfuIqmezbhOwE9_7Mfl88/s320/botton.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5356490366161534306" /></a><div style="text-align: center;"><a href="http://literalidadesblog.blogspot.com/">Literalidades</a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div>Não quer dizer que estou abandonando este lugar. Por aqui, as coisas continuam como sempre foram: "apareço por assim dizer, quando convém aparecer". </div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-49786937512979765102009-06-18T17:21:00.000-07:002009-06-18T17:21:25.496-07:00Impulso<div style="text-align: justify;">Uma vontade diferente me despertou alguns dias atrás. Um apelo discreto, porém decidido, que foi crescendo de dentro pra fora. De repente, todos os livros do mundo voltaram a ser interessantes, todos os filmes me chamavam nas prateleiras, todas as bandas mereciam ser ouvidas, todos os lugares precisavam ser conhecidos. Coisas que sempre fizeram parte da minha vida, ajudaram a construir minha identidade, mas estavam pintadas de cinza, jogadas em um canto qualquer junto com a minha apatia. E aquela preguiça enorme do mundo, da vida.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">De repente era possível voltar a sonhar sem censuras e restrições, e era fácil acreditar mais nos elogios e menos nas críticas, principalmente naquelas proferidas por mim. E tudo era assim, uma mistura de esperança, sorriso e determinação. Porque naquele momento havia, ao menos, uma distância, ainda que longa. E o mais importante: havia o impulso.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-46211200580628099152009-05-21T17:58:00.000-07:002009-05-21T17:58:39.502-07:00Tempo<div style="text-align: justify;">Assim, meio sem querer, já se vão seis meses. Não há razão que justifique meu sumiço. Por comodidade e convenção, vou culpar o tempo.<br /></div><div style="text-align: justify;">Tenho feito muitos planos, desistido de outros tantos. E só faço metade das coisas que quero fazer. Descobri que não sei o que quero fazer, decidi que não me importo. As coisas vão como sempre foram: todo dia tudo está diferente.<br /></div><div style="text-align: justify;">E não é verdade que eu parei de escrever, foram várias frases, palavras e rabiscos que se perderam nos cantos das páginas dos meus cadernos, idéias que deixei para anotar mais tarde e esqueci. São histórias sem inicio e fim, porque assim são todas as histórias da minha vida.<br /></div><div style="text-align: justify;">Acho que isso é bom.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-1722760402397625672008-11-26T07:34:00.001-08:002008-11-26T07:37:56.999-08:00The Science of Sleep<div align="justify">E tudo muda em um segundo. Só quem sabe o valor da efemeridade do tempo pode compreender. É um presente da vida, em suas espirais, que os sonhos sejam infinitos e, ao mesmo tempo, feitos de fumaça. Mudam as cores, mudam as formas. </div><div align="justify"> </div><div align="justify">A dor do agora existe, ainda que não hajam cicatrizes. Ela é a mesma do ontem, e vai estar comigo amanhã. Foi ela que me ensinou a ser feliz. Paradoxo? Esses caminhos não são lineares. Talvez haja também a desilusão: um futuro que se dissolve, uma linha que não cruzo, uma vida que não alcanço, um medo de ter jogado fora a plenitude que tive uma vez. Desilusão por estar há milhas de quem eu gostaria de ser. sou a única causa delas. Talvez existam em mim mais conflitos e confusões do que eu permito expor. Atravessam percepções. </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Mas a felicidade vem aos montinhos, enquanto você espera pelo ônibus lendo as páginas douradas de um livro que você não sabe se quer devorar ou ler devagarinho para ele não acabar. Não depende de um mundo ou pessoas - por mais importantes que sejam. Ela mora em mim. </div><div align="justify"> </div><div align="justify">E faz tempo que mudei meus passos, foram muitas noites desde a última vez.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-81334454270470595692008-11-21T07:52:00.000-08:002008-11-21T09:05:59.625-08:00Eu em MúsicaDando um tempo nos delírios e bobagens melodramática que costumo colocar aqui, um meme musical (que eu peguei <a href="http://meusanosincriveis.blogspot.com">desse</a> blog) com duas das minhas bandas preferidas: Smashing Pumpkins e Los Hermanos. <br /><br /><strong>Versão Smashing Pumpkins</strong><br /><br />1) É homem ou mulher<br />She<br /><br />2) Descreva-se:<br />Daydream<br /><br />3) O que as pessoas acham de você?<br />Frail and Bedazzled <br /><br />4) Como você descreveria o seu último relacionamento?<br />The Guns of Love Disastrous<br /><br />5) Descreva o estado atual da sua relação com a sua namorada ou pretendente?<br />We Only Come Out at Night<br /><br />6) Onde gostaria de estar agora?<br />Destination Unknown<br /><br />7) O que pensa a respeito do amor?<br />Once Upon a Time...<br /><br />8) Como é a sua vida?<br />Blank Page<br /><br />9) O que pediria, se pudesse ter só um desejo?<br />Never Let me Down Again<br /><br />10) Escreva uma frase sábia<br />The Beginning is the End, the End is the Beginning<br /><br /><strong>Versão Los Hermanos e Marcelo Camelo</strong><br /><br />1) É homem ou mulher<br />Menina Bordada<br /><br />2) Descreva-se:<br />Sentimental<br /><br />3) O que as pessoas acham de você?<br />Cara Estranho<br /><br />4) Como você descreveria o seu último relacionamento?<br />Onze Dias<br /><br />5) Descreva o estado atual da sua relação com a sua namorada ou pretendente?<br />Tá Bom<br /><br />6) Onde gostaria de estar agora?<br />Horizontes Distantes <br /><br />7) O que pensa a respeito do amor?<br />Todo Carnaval tem seu Fim<br /><br />8) Como é a sua vida?<br />Vida Doce<br /><br />9) O que pediria, se pudesse ter só um desejo?<br />Mais uma Canção<br /><br />10) Escreva uma frase sábia<br />Tudo PassaAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-13417626590055994382008-11-11T15:03:00.000-08:002008-11-11T15:25:24.973-08:00Mais um Ano<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZjhOSSmbhLAJm0RT3woL28S2HzA74jJyG1PNbhxL9Yf_PBJTdp_q4bzCU7xgCgAZIXvDyuEJey9aRIv_5tR32XNaTlcPodaBu4KpOvw5pemhZCYP2dbfBGkLxHI-WP_yL7T6r1ay-fsw/s1600-h/miniminiminimini+low+013.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZjhOSSmbhLAJm0RT3woL28S2HzA74jJyG1PNbhxL9Yf_PBJTdp_q4bzCU7xgCgAZIXvDyuEJey9aRIv_5tR32XNaTlcPodaBu4KpOvw5pemhZCYP2dbfBGkLxHI-WP_yL7T6r1ay-fsw/s320/miniminiminimini+low+013.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5267539706075379410" /></a><br /><br /><br />Com certos momentos, vai o tempo. Nossas manhãs, nossos invernos, e tantos (quantos) outros. Outros risos, outros planos, novas lágrimas e a mesma esperança. <br /><br />Mais um ano. E esse começou com uma gargalhada.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-48440829655373915032008-10-21T14:51:00.000-07:002008-10-21T15:48:42.520-07:00Rabiscos<div style="text-align: justify;">Este era para ser um post sobre outras coisas, outro momento. Sobre um dia na aula de Teoria da Literatura em que as únicas palavras que eu conseguia escutar eram os sussurros da chuva lá fora, e fragmentos do que disseram os poetas.<br />Escrevi. Apaguei. Escrevi outra vez e guardei.<br />Tem coisas que a gente quer dizer e não consegue, ou porque não acha palavras, ou porque não acha ouvintes, ou porque não acha vontade. Às vezes faltam os três.<br />E é assim que os dias vão sem razão. E nem foi a chateação do outro dia. Amigo a gente perdoa, basta um sorriso que tudo volta pro lugar.<br />É tudo tão estranho, às vezes. Quando acordo, tudo que eu quero é que o dia termine. Me sinto cansada antes de levantar. E não importa o tamanho que os minutos vão ter, se eu vou rir ou chorar. É dificil saber quando essas coisas mudam: o sentir, o olhar... Agora tudo parece anestésico.<br />Mas lá se vai o tempo, no seu caminhar irreversível. Ele não quer saber de nada disso. Ele te surpreende, o real te surpreende. A gente não tem controle do viver. Quando nos damos conta, já aconteceu. E você está ali, "na rua, no meio do redemoinho". Rodeado pelo que restou, por índices do passado e pelo que está por vir. Um sobrevivente.<br /><br />Viver é intransponível.<br /><br />E esse foi um post sobre nada, e muitas coisas. Não importa. Escrevo sobre o que sinto, e sobre o que vejo, e coisas que nem sempre são alguma coisa. E até a aula de Literatura conseguiu entrar no meio...</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-55611143300538688242008-10-01T17:50:00.000-07:002008-10-02T16:41:14.770-07:00"Eu preciso, sim, de todo o cuidado"<div style="text-align: justify;">Difícil controlar uma ilusão. É meu abismo.<br />A vida quase ficou fácil dessa vez. Era para ser paz, momento tranqüilo, menos que uma brisa. Mas eu devia saber que lutava contra o que sou: por trás do semblante calmo e até frio, mora uma natureza inquieta, ressonante.<br /><br />Mas foi apenas um minuto. Risos e palavras foram tão poucos, mas me sinto tão bem. E não há conselho ou crítica de quem não entenda. Certas coisas estão além da lógica, perfuram a superfície da razão. E são elas que quero amar para sempre. Há quem diga que moro na ficção. Um sonho? Um conto? Um filme? Realidade é só aquela que escolhemos viver. A minha é assim. Um anseio por tudo o que for paixão, e um desejo sufocante de vida, de intensidade.<br /></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-31940761343554274492008-09-25T15:40:00.000-07:002008-09-25T15:42:59.405-07:00Tudo em mim, um pensamento<br />Vem do soluço, transforma um segredo<br />Preenche o instante<br />Com o peso de um silêncio<br /><br />Quem decifra? O sonho, a prosa, o verso<br />Descobre a rosa, entende o resto<br />Lê em pedaços<br />Uma frase, um mural, sem contexto<br /><br />Parêntese, antítese, reticência<br />Fica um sopro<br />Um beijo, uma cor, uma ausênciaAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-61040888230405600132008-08-31T09:46:00.000-07:002008-08-31T09:48:39.974-07:00Vida em LinhasSou o rabisco da esferográfica<br />E tudo o que couber em uma página<br />A cada passo<br />Um novo traço<br />A cada amor<br />Um novo verso.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-9049427135436151882008-08-25T18:23:00.001-07:002008-08-25T18:23:10.593-07:00Conto um Conto<div>Não conhecia no mundo nem a esperança, nem o desespero. Além dessas, havia um outro tipo de espera que era o simples aguardar. Desprentenciosamente, aguardava que um dia seguisse o outro, e juntos formassem uma fila mais ou menos reta que mais tarde chamaria de "sua vida". E da vida de todos os dias, aprendeu que deveria ter pouco, e que a soma do final seria maior que sua espera. Uma xícara de café forte acompanhado por uma fatia de torta era seu resumo, além das horas gastas no escritório. Dava-se ao luxo de variar os sabores, e de comer bem devagar, olhando o engarrafamento na avenida. O ronco do motor e a buzina dos carros eram a música irritante que embalava seus dias. Mas ela gostava. O barulho fazia calar todas as suas vozes e os momentos se tornavam estranhamente silenciosos. </div><br /><br /><div>Quando terminava, pagava a torta e o café com o vale que tinha sobrado do almoço e ia à pé para casa. Fazia sempre o mesmo caminho, ainda que não fosse o mais curto. Uma vez disseram-lhe que havia um atalho, mas ela não deu ouvidos. Preferia passar pelas ruas mais movimentadas, porque tinha medo de pivete. Muitas outras pessoas também escolhiam passar por ali, e frequentemente tinham pressa. Ela tinha pressa, e muitas vezes esbarrava nos outros. Ombros se tocavam sem se perceber e depois sumiam. </div><br /><br /><div>Morava no segundo andar, porque não gostava de altura nem de elevador. Sua casa tinha muitos móveis, quase todos bem gastos. Era difícil andar por lá sem ter que se desviar das coisas, mas ela sempre achava que estava faltando algo e dava um jeito de arrumar outra estante para acumular poeira. Talvez fosse apenas uma maneira de preencher as lacunas todas que tinha.</div><br /><br /><div>Quando chovia, a água entrava por frestas na janela e molhava o chão, formando manchas disformes nas quais ela teimava em ver desenhos. Se chovia muito forte, parecia que chovia dentro. Tudo ficava alagado e começava a nascer uma angústia, daquelas bem pontudas. Mas ela logo se repreendia e guardava a angústia em uma caixinha de madeira, junto com qualquer outro sentimento forte que ela coseguisse capturar. </div><br /><br /><div>Lá também ela guardava os sonhos. Esses ela não ousava esperar que ficassem grandes o suficiente. Mal eles brotavam, ela já guardava na caixinha, umas continhas mínimas. Não que não gostasse deles, achava-os lindos. Quando tivesse o bastante, talvez fizesse um colar colorido para usar em festas. </div><br /><div> </div><br />Em uma tarde quaquer, ela tirou do bolso o sonho de conhecer o mundo. Tinha acabado de pegar um panfleto de uma agência de viagens na caixa de correio, e logo começou a pensar naqueles lugares distantes. Sabia que nunca teria dinheiro ou disposição para sair de sua cidade, por isso saiu logo à procura da caixinha, que estava no alto de uma estante. Escalou as prateleiras, e pegou-a com as pontas do dedos. Não deve ter segurado firme o bastante, pois a caixa escorregou e caiu no chão com um baque surdo. Era sentimento para tudo quanto é lado! Alguns rolaram para o vão escuro debaixo dos móveis e nunca mais foram recuperados. A maioria dissolveu-se no ar, misturando-se de tal forma que não era possível identificar. Ela olhava tudo inerte, meio intoxicada pela atmosfera que se formou. Trânsitava entre a euforia e a tristeza, entre a alegria e o ódio. Não sentia animo para juntar os cacos que sobraram. A solidão rasgou seus pulsos e se alojou próximo ao seu peito, em um buraco que as emoções todas iriam tentar preencher.<br /><br />O descontrole tomou conta. Era impossível ignorar tudo o que ela sentia. E como não havia nada para fazer, se levantou e foi dormir, esperando que a bagunça de sua vida algum dia devolvesse a calmaria à sala de estar.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-86072750468891973712008-08-05T15:20:00.000-07:002008-08-05T15:22:34.933-07:00Momento<div style="text-align: justify;">Coisa rara, o sol, o vento e a música. Um momento para pensar, ou apenas não pensar. Permitir-se ficar em silêncio consigo mesma, sem horário e cronograma. Não fazer o esperado, quebrar as próprias regras, um desejo antigo, sempre adiado. Era bom não ter que falar. Não prestar atenção em nada além. Não havia mundo ao redor. <br /><br />Sem ruído, alguma coisa pareceu se encontrar. Algo qualquer que há tempos não se encaixava. Ela quase não entendeu, mas sentiu. As “estradas erradas que seguiu” pareciam longe demais agora, linhas indefinidas no horizonte.<br /><br />E pela primeira vez não era a euforia, era apenas felicidade.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-47856076862989154422008-07-19T16:50:00.000-07:002008-07-19T16:54:22.994-07:00Cemitério de Fadas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_sRKXNRIVUFxVJKq6NjWfu2A4u886-9ry3UPoLg9MV1mDKpm3VDVukSF1CJOcD-KPCLoOB9OLzPFSE5-5UCy-kJfN-e3yvB6JOsoEejPVU0WX5ajSSC2Qm8576pD2ckqgN3y0Q8Kz_jw/s1600-h/Sad_fairy_by_carma_n.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_sRKXNRIVUFxVJKq6NjWfu2A4u886-9ry3UPoLg9MV1mDKpm3VDVukSF1CJOcD-KPCLoOB9OLzPFSE5-5UCy-kJfN-e3yvB6JOsoEejPVU0WX5ajSSC2Qm8576pD2ckqgN3y0Q8Kz_jw/s320/Sad_fairy_by_carma_n.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5224877639051028946" border="0" /></a><br /><br /><div style="text-align: justify;">Aqui jaz a menina dos cabelos azuis. Imóvel para a eternidade, tranqüila como o último suspiro. Nem brisa, nem tempestade. Nenhum pensamento voltou a se deslocar. Nenhum sentimento permitiu emergir. Aos poucos, ela e o mundo tornaram-se um só. A mesma consciência que abraçou para deixar de existir. Seu corpo confundiu-se com a fumaça que impedia ver, e tornou-se menos densa nos dias futuros que não viu chegar.<br /><br />Desapareceu entre as gargalhadas sem rosto, os olhares sem aprovação impediram de ser quem era. Desmaio. Asfixia. Foi um sepultamento sem lágrimas no bosque do esquecimento.<br /><br />Restou menos que uma lembrança. Um fiapo de luz, uma quase-esperança. Talvez não estivesse morta, era viva em essência e assim viveria para sempre. Era imortal em sua inocência.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-80730455344867792112008-07-10T17:15:00.000-07:002008-07-11T14:51:14.574-07:00Entre Paredes<div style="text-align: justify;">As quatro paredes, suas velhas conhecidas, foram sua melhor companhia nas horas que passavam daquele dia. A cama desfeita, o telefone que nunca tocava, a mesa quase invisível por baixo dos amigos que ela permitira revisitar: os cds fora da capa, os livros fora das estante, os velhos diários fora do passado. O silêncio era quebrado apenas por uma caixa de som que emitia notas incansáveis da mesma canção.<br />- Talvez seja hora de mudar... - sussurram as paredes.<br />- Gosto da melodia. Não sei explicar, se parece comigo. - limitou-se a responder.<br />Uma brisa gelada entrava pela janela entreaberta e cortava-lhe o rosto. Era inverno, deu-se conta, por isso estava tudo naquele belo tom de cinza. E os toques pareciam mais gelados contra a pele. E parecia mais doce o cheiro da fumaça do chocolate-quente.<br />Displicente, abriu um livro em uma página qualquer.<br />- Lembra-se?<br />Sorriu ao encarar as letras. Lembrava-se. As palavras nunca mais seriam inocentes, a poesia nunca mais seria a mesma. As rimas permaneceram no papel, mudaram os olhos de quem lê.<br />Olhou para a página em branco do caderno à sua frente. Rendeu-se. As frases pareciam não querer ser escritas naquele dia. Havia tanto o que dizer, mas tudo no mundo parecia tão distante agora. Ela era só o que existia. A tarde tornava-se noite, sem momentos, sem instantes.<br /></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-25825368499269077862008-06-25T14:39:00.000-07:002008-06-25T14:46:05.411-07:00INFP<div style="text-align: justify;">Introversão. Intuição. Sentimento. Percepção.<br /><br />É o que Jung pensa de mim.<br />Não é só porque perdemos noites alimentando fantasmas. Nem porque vemos mais significados em um gesto do que provavelmente existe. Uma hora a gente aprende a tomar cuidado com o que a gente inventa. Que algumas coisas são simplesmente irrealizáveis. E que às vezes, é preciso não se importar. Não se preocupem conosco, a gente aprende isso. O resto são só estórias para colorir a vida.<br /><br /><br />INFP. Eneagrama 4. Escorpião com ascendente em peixes. Coelho. Muito Prazer.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-34590734238237991102008-06-19T05:23:00.000-07:002008-06-19T05:40:45.317-07:00<div align="justify">Visita ao Zoológico e a um Jardim Japonês no meio do trabalho. Mas a correria jornalística não permitiu apreciar como deveria. Enquanto o carro tentava cobrir a enorme distância entre dois pontos distintos da cidade sem atrasos, eu voava a uma velocidade incrível. Um dia iria morar em uma casa que teria uma cascatinha no quintal, dessas que só dá para molhar os pés. E eu iria me sentar na grama para ler e sentir o sol da manhã, ao mesmo tempo em que escutava o barulho da água. O pensamento bobo foi completo, um desejo sincero.<br />A tristeza tímida dos últimos dias resolveu se mostrar. Não que eu tenha lutado contra ela antes, faltava mesmo era espaço. De repente, só a vontade de não estar. Nem o vento no rosto me trazia a liberdade.<br />Os olhares a minha volta estão todos como o meu, sem brilho. Mas sabemos, não há o que fazer. É viver esperando ansiosos pela vida. Talvez não devesse ser assim, afinal todos só temos vinte e poucos anos. O cansaço é o de viver ultrapassando etapas, o de torcer para que cada dia chegue logo ao fim e que seja logo menos um dos que ainda se tem pela frente, e menos outro e outro. Até que chegue o momento em que podemos voltar a ser, e esquecer de tudo. Desfrutar apenas de companhias raras. Até que chegue sexta-feira e eu possa torcer para que ela fique. Pra sempre, se der. </div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-58063662981177754832008-05-31T18:14:00.000-07:002008-06-01T07:04:32.407-07:00A queda do anjo<div align="justify">Entre aqueles que não eram os seus, ela caiu e chorou. Os olhares tortos ainda a feriam sem encarar, conversas escusas trocadas em cada esquina. Mas disseram que ela deveria ir, e ela foi. Apesar da dor, levantou-se, e com um sopro curou todas as feridas da alma. Apontaram os caminhos e disseram que ela conseguiria, que já era hora de deixar suas asas e seguir andando. E ela seguiu, ainda que com passos trôpegos e errantes, de quem começava a aprender a caminhar. Passou por ruelas escuras, becos imundos e avenidas confusas nas quais era proibido ver, ouvir e falar - consigo e aos outros. </div><div align="justify">No adiantado das horas, quase não podia olhar para o céu, e a lua refletida nas poças de água podre se tornara a melhor amiga. Aos poucos, acostumara-se com a noite eterna, e o infinito não mais a intrigava. Aprendia bem todas as lições que aquele mundo tentava lhe ensinar: Parara de tentar encontrar os porquês que lhe faltavam, evitava os postes de iluminação, com medo do que a luz poderia lhe revelar. Sua ânsia era apenas a de chegar, mesmo sem saber o que lhe aguardava no fim. Mesmo sem saber se havia um fim. </div><div align="justify">Não percebia que a cada passo se tornava mais como os outros que por ali passavam. Já não tropeçava mais nos bueiros, já conseguia andar em linha reta. Sua essência de anjo caído ia aos poucos se dissipando, levada por suor e lágrimas que deixara derramar. </div><div align="justify">Um dia, deparou-se com um espelho e notou que sua imagem deturpava a superfície perfeitamente reluzente. Tornara-se uma sombra maltrapilha. Chorou ao perceber que suas asas se atrofiaram por falta de uso. No entanto, uma coisa o mundo não pode lhe tirar: às vezes se pegava reparando nas belezas do caminho e sentindo saudade das estrelas. Era enorme a vontade de conversar com elas naquele idioma extinto, e fazer pedidos para aquela que brilhasse mais forte. Achou que tivesse há muito esquecido como dizer, e arriscou um sorriso quando se deu conta de que ainda podia pronunciar as palavras mais belas. Repreenderam-na por tentar, e disseram que ela deveria continuar sem pausas. E ela foi, mesmo com seus pés exibindo feridas em carne, manchados por sangue, suor e sujeira. </div><div align="justify">Entre todos os cruzamentos, já não identificava as ruas que entravam, as ruas que saiam. Sentia-se pequena e fraca diante da imensidão das montanhas de concreto que a enclausuravam. Sentia-se doente e com fome. Implorava por um pedaço de pão, por um vislumbre de vida. Sussurraram para que ela desistisse, e ela obedeceu. </div><div align="justify">Encontrou abrigo e repouso sob uma sacada, e por lá morou por tanto tempo que nem sei. Às vezes notas doces saiam da janela e penetravam em seus ouvidos. O som da gaita solitária contava-lhe histórias sobre a melancolia e a tristeza infinita, e ela se recolhia para escutar com atenção. Aquele era seu único momento de plenitude. Um dia, em uma dessas conversas unilaterais, pensou ter ouvido um convite e bateu três vezes na porta. Gritaram que ela deveria ir embora, mas dessa vez manteve-se firme e decidiu ficar. E esperou eternamente, mas a porta não se abriu. </div><div align="justify"></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-72733097444092022512008-05-16T13:46:00.000-07:002008-05-17T08:36:10.798-07:00Universos<div align="justify">Perdi outra conversa esta manhã, outras palavras que de não-ditas <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">saíram</span> de meus ouvidos e se foram. Nunca mais as terei de volta. Mais tarde vão me perguntar por elas e eu, com um sorriso amarelo, serei obrigada a admitir que as esqueci em algum lugar. Parece descaso, desleixo. As coisas sempre parecem ser. E que pareça estranho, mas é puro interesse. Tão grande que esqueço até de ouvir o que estão dizendo depois da terceira palavra. É o problema de viver meio sonhando.<br />Quero saber o que você sente, porque é assim, quem espreita por trás do buraco da fechadura. Da sua história, porque você está aqui, o que te faz rir ou chorar, seus medos e sonhos. Quero ir até o fundo, além da nota das provas, do calor ou frio, da notícia do jornal de ontem. Brinco de te adivinhar enquanto fala comigo. É interesse, assim, <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">gratuito</span>. É a crença de que ninguém é só o reduzido. Os personagens vários, todos tão vivos, universos particulares que encantam. Mas é imaginação, claro, mundos que crio a partir do que vejo, e talvez não digam nada. Para chegar um pouquinho mais perto basta você deixar, que tudo vem sem querer, meio profuso...</div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">“Quando você olha bem de perto, as pessoas são tão estranhas e tão complicadas a tal ponto que se tornam belas. Possivelmente até eu.” (Angela, em My So-Called Life) </div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-91752211898288034622008-05-03T08:12:00.000-07:002008-05-03T09:20:38.146-07:00<div align="justify">As horas dançam em minha frente em espirais de fumaça. Tento encontrar em suas voltas uma razão qualquer para mim e meus botões, mas o minuto se perde. E é apenas o som dos meus passos ecoando na rua vazia, assusto-me antes de perceber. </div><div align="justify">A verdade é que tudo é como sempre foi, mesmo com os quadros novos que pinto em minha mente. É o mesmo desenho em novas cores, tons pastéis. A falta do mundo, a vontade gigante de tocar o intangível. Sou fragmentos, idéias desconexas, um emaranhado de pontas soltas. E falo de muitos, de tudo, do nada e de ninguém, é assim que falo de mim. Um turbilhão de imagens e incompletudes e clichês remodelados. Mais adjetivos que verbos, sempre.<br />Na falta da lógica clara, é onde as coisas se misturam e se encaixam. Na inconclusão, deixo registrado que vivo: de dentro pra fora.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-50111203610449794782008-04-24T19:26:00.000-07:002008-04-25T19:22:30.716-07:00<div align="justify">Eu sei, é apenas um pequeno grão. Um quase-nada que nem quero pensar, mas o pensamento é nosso pedaço mais livre e vai e vem sem hora. Não insisto. É tudo assim, os pequenos desencontros que desenham uma estória. Nem desisto. Vou reescrevendo memórias, com uma saudade que não tem vontade de ser. E não será, por que só se é uma vez e o outro momento já é outra vida. Mas quem me dera chegar em casa e achar de presente um novo retrato, aquele que eu mais queria. Que vontade de começar uma outra caixinha de relíquias! Talvez nem tão grande, mas tão valiosa quanto a antiga. E outras riquezas. Espero. E solto as flores voantes do borboletário que há em mim que talvez se note. O que ouço é só mais uma canção, das tantas que me fazem criar as noites que não foram. </div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-65783426773667605192008-04-20T19:04:00.000-07:002008-04-20T15:06:08.926-07:00<div align="justify">Desvio. É tão fácil de acontecer, quase espontâneo. Um dia estou lá: acordo cedo, com preguiça de tantas coisas nas próximas horas, banho, secador, ônibus lotado e tem mais. Fico submersa, afogada pelo cotidiano. A rotina não me dá tempo pra sorrir, nem reparar. Mas sem querer, de repente eu reparo. Bastam alguns segundos de fuga insensata para que eu seja tragada pela superfície. Agora tenho ar, mas ar demais me deixa com a cabeça cheia de pensamentos e perguntas muitas. E é quando a palavra me chega e me foge, o sentimento invade.<br />O mundo é todo brisa e tempestade. A imprecisão se instala e eu tento criar distância e ao mesmo tempo proximidade, por que te ver é bom, mas só na maior parte do tempo. Afasto-me em silêncio, só para notar, surpresa, que andei em círculos e que você está outra vez a centímetros. E tão, tão longe. É como se você soubesse das minhas músicas.<br />Em sonhos, sou só alegria. É em apertos de mão inocentes e em olhares que se tocam por segundo que existe. Fora isso é vácuo. Não quero falar sobre quem não sou para me fazer entender, isso prometi para mim. Nem explicar metáforas. </div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5217988990676610417.post-64077110481513312202008-04-19T07:32:00.000-07:002008-04-24T14:53:43.338-07:00<div align="justify">São olhos úmidos e de sonho que me encaram todos os dias no espelho. Nas manhãs, procuro uma brecha de céu azul ou cinza. Faz sol e vai chover. Às vezes é só pesadelo, às vezes é memória. Coisas distantes, de outras vidas em que era eu e também não era.<br />Os olhos da menina de cabelos tão negros e tão volumosos sorrindo no brinquedo do parque não são úmidos. São saltitantes, mas são de sonho. É estranho dizerem que ela sou eu. Pouco me vejo, pouco reconheço. O que nos liga é espaço e tempo e distância. É o ser e o sentir. É a fada do pacote de biscoito que não veio. A lembrança mais viva e o eterno quero-mais. Ela existe quando eu durmo, por que não tem muita diferença entre memória e sonho. É tudo imagem esfumaçada de um lugar onde não se pode pisar. E quando choro com ou sem lágrimas, com a cabeça encostada no vidro. E quando sou música. Poesia.<br />Vivo vidas que não são minhas. Pedi emprestado para não devolver. Culpa daquele aperto morno de quem diz que queria ser você e que tudo é pouco demais. É assim que me encontro e também a alegria. As horas que passo dentro de mim são horas de vida intensa. Quando sou um milhão de outros é que consigo ser eu.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/05810090733954144077noreply@blogger.com1